Com o passar do tempo à indústria começou a fazer uma série de
procedimentos, tanto no campo quando no parque industrial, para ter certeza da
qualidade e da composição do leite. O principal teste nesses processos é o
alizarol, que pontua se existe uma concentração de ácido lático, com acidez
elevada o leite se desestabiliza, ficando impróprio para o consumo e causando
prejuízo em toda cadeia leiteira.
De acordo com Lorena Vidaurre Ribeiro, zootecnista do Incaper de
Guaçuí, nem sempre a ocorrência dos grumos é causada pela grande presença
de bactérias. Por algumas razões, principalmente oferta de alimentação
deficiente em quantidade e qualidade ou sem o devido balanceamento, ocorrem
alterações das propriedades físico-químicas do leite, o teste resulta na
formação de coágulos. Ou seja, o leite está instável, mas não por causa da sua
acidez e, nessas condições, ele é chamado de Leite Instável Não Ácido (LINA).
Quando o leite coagula, o produtor precisa investigar o que está
acontecendo para fazer a diferenciação de Ácido e LINA. Lorena Vidaurre
acrescenta que no caso do leite ácido, a solução está na revisão do manejo de
ordenha, já que a presença elevada de bactérias se deve a problemas de higiene,
principalmente limpeza incorreta do equipamento de ordenha, ou mesmo, a falta
de cuidados do ordenhador com sua higiene pessoal, também pode ser a demora em
resfriar o leite no tanque. Adotando-se os procedimentos corretos de higiene e
com o resfriamento imediato do leite após a ordenha, a contagem bacteriana das
ordenhas seguintes diminuirá rapidamente.
“Já em relação ao LINA, as providências são outras. Na maioria das
vezes, o produtor não consegue corrigir este problema, pois as possíveis causas
que provocam a ocorrência do mesmo são inúmeras e ainda não estão totalmente
esclarecidas. Dentre os fatores já estudados até o momento, a restrição
alimentar com conseqüente subnutrição ou desequilíbrio nutricional se destacam
por reduzir a estabilidade do leite no teste do álcool. Será necessário
encontrar o equilíbrio correto, na quantidade e na qualidade, entre volumoso e
concentrado disponibilizados aos animais, sem esquecer-se da mineralização do
rebanho. O balanceamento deve levar em conta as características do rebanho, o
potencial de produção e o estágio de lactação dos animais”, afirma a
zootecnista.
A zootecnista lembra ainda, que o problema do LINA é um problema
multifatorial, sendo que as suas causas ainda não estão totalmente
esclarecidas. Sabe-se que existe uma relação evidente entre a positividade da
prova do álcool com a influência da época do ano, dietas ou pastos ricos em
cálcio, deficiências ou falta de balanceamento de minerais (Ca, P, Mg),
mudanças bruscas na dieta, estágio de lactação e genética. Dos trabalhos já
realizados, a respeito da estabilidade térmica do leite, pode-se dizer que
rebanhos bem nutridos, com bom manejo, livres de doenças, com conforto térmico,
tratados de forma não aversiva não apresentam problemas.
O que pode causar o “LINA”
- Fatores nutricionais: dietas ricas em cálcio, mudanças bruscas de
alimentação, restrição alimentar, desequilíbrios nutricionais. Aparece com
frequência em fêmeas bovinas no pós-parto e em pico de lactação.
- Saúde do animal: processos inflamatórios da glândula mamária aumentam
a concentração de plasmina no leite. A ocorrência pode ser frequente também em
animais com alto potencial genético.
Previna a LINA:
- Planejamento do manejo para alimentação, ofertando alimentos o ano
todo e no período que o pasto cai de volume, oferecer a cana-de-açúcar
corrigida com ureia e sulfato de amônio, capineiras, silagem e feno.
- Importante lembrar que é preciso fazer uma transição adequada entre as
dietas, para dar tempo para a flora do rúmen se adaptar ao novo alimento que
está sendo fornecido. Mudanças bruscas de alimentação podem causar um
desequilíbrio no metabolismo do animal e provocar o aparecimento do LINA.
- Observar o conforto animal. O estresse calórico também altera a
composição do leite produzido, além de provocar redução do consumo. Nesse
aspecto, deixar sempre água de boa qualidade à disposição do animal,
providência indispensável para combater o estresse calórico.