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terça-feira, 7 de julho de 2015

Programa de Qualidade de Leite é destaque na Colagua

                                        Nesta propriedade o alimento do gado está verde, mesmo com a seca
   
Ver o gado saudável, o pasto separado em piquetes e um bom rendimento no final do mês. A proposta é essa do projeto “Mais Leite” que começou a ser implantado junto a cooperados da Colagua. A parceria entre cooperativa, Sebrae e Coopetec vem dando certo, atendendo cerca de 60 cooperados, a expectativa é de crescimento neste ano. O “Mais Leite” tem se tornado referência em todo o Espírito Santo, porque vem mudando realidades, os participantes conseguiram aumentar a produção de leite, muitas vezes, com um número menor de animais, tudo seguindo a risca o acompanhamento dos consultores técnicos. O crescimento de produção de leite dos cooperados participantes, já chega a 10%.

“Esse é um desafio para evoluirmos. Estamos falando de uma gestão democrática, tirando do papel e colocando mesmo em prática. É a qualificação, o interesse de ver a comunidade crescendo e arrastando todo o interesse de uma região. A Colagua precisa de um volume maior de leite, mas o agricultor também precisa ficar no campo. O que se produz hoje é capaz de manter o homem no campo? Queremos trabalhar para reverter esse quadro. Esse trabalho é o esforço de vários parceiros e faz parte da recuperação da Colagua”, destaca o Presidente da Colagua, Burthon Moreira que sempre foi o incentivador desse projeto.
                                                              Presidente da Colagua destaca a importância do “Mais Leite” 

De acordo com Francisco Assis Ribeiro, Diretor Técnico da Coopetec, o que garante o sucesso do “Mais Leite” é acompanhamento no campo por técnicos, como também a prática pelo cooperado. “Aos que tem seguido e realizado as orientações técnicas deixadas pelos consultores do SEBRAE já começaram a sentir as vantagens de participar desse projeto. As ações tomadas são diversas tais como: pesagem de leite, divisão de lotes para fornecimento de concentrado, divisão das pastagens em piquetes com finalidade de melhorar o manejo do rebanho e melhorar a qualidade do alimento, acompanhamento reprodutivo do gado com finalidade de conhecer a situação atual e propor melhorias para aumentar o número de animais em lactação nas propriedades, implantar gerenciamento de custos e produção de leite, para entender quanto custa produzir um litro de leite. Enfim, uma propriedade assistida a partir do momento que se iniciam os trabalhos, mesmo que não ocorra imediatamente o aumento de produção é inevitável não obter um ganho positivo, em um desses itens relacionados acima”, conta Assis.

 Outro destaque é a preocupação com o manejo adequado na propriedade, um reflexo claro é a mudança da reserva de alimentação do rebanho. Ações que já provam a funcionalidade do programa. A informação tem sido um diferencial, associada a um acompanhamento sistêmico de técnicos as propriedades, mas principalmente o agricultor precisa acreditar no negócio e estar apto as mudanças solicitadas.

Para o coordenador estadual do programa e analista do Sebrae, Thiago Martins Costa, com a entre safra chegando as preocupações são muitas, principalmente na atual situação do país, mas a inclusão no projeto deixa o agricultor mais seguro. Como todo negócio é preciso sempre estar se atualizando. “Os produtores participantes têm condições de tomarem as melhores decisões, e assim, diminuir o risco existente no empreendimento. Quando analisamos a série histórica, por exemplo, dos últimos 15 anos, é nítido a sazonalidade que o leite passa. Há período que o leite tem de ganhos financeiros, outros que os custos e o preço pago do leite, deixam qualquer um desanimado. Na verdade, nos últimos anos, essa realidade é notada com mais evidencia em quase todos os seguimentos da economia brasileira, principalmente agora, com esses aumentos que estamos passando. Estamos passando por um período de cautela, e para quem está no projeto, esse impacto tende a ser menor. Como é um setor de altos e baixos, temos que estar preparados a todo o momento, principalmente quando a oportunidade passar. Esse é o diferencial do projeto junto a COLAGUA”, acrescenta o coordenador.

Atualmente, 60 cooperados estão fazendo parte do “Mais Leite” na Colagua, a expectativa é que uma nova negociação seja feita o a administração da cooperativa. Para aqueles que não fazem parte, uma lista de interessados começou a ser feita, basta solicitar interesse e aguardar. “O produtor precisa acreditar mais no negócio e em si próprio. O produtor deve acreditar, ter fé, mas principalmente planejamento do seu negócio. Sem isso, não tem Santo que faça milagres!
O projeto do SEBRAE em parceria com a COLAGUA tem justamente essa preocupação: planejar a propriedade”, finalizou Thiago.

Produtores estão aprendendo a ter reserva

                                          José Antonio Oliveira investiu no plantio de capim

O cooperado José Antonio Oliveira, mora na localidade de Pratinha da Fumaça, em Ibitirama. Ele é considerado um pequeno pecuarista, por dia, costuma tirar 60 litros de leite, mas no verão sem água viu a produção despencar para 30 litros. A nascente da propriedade quase secou, ficou sem força até para abastecer as residências da Associação Agrícola Bela Vista, onde vive. O agricultor gastou cerca de R$ 2mil para abertura de um poço artesiano. Para o inverno, ele já está fazendo algumas ações.

“Não terei condições de fazer a silagem, por falta de recursos, com essa crise também estou temeroso em fazer algum financiamento. Consegui plantar o milho e também o capim, outra ação que tive que fazer, foi separar 50% do gado solteiro no pasto. Na propriedade, estão apenas 13 adultos e seis bezerros. A Vaca é nobre, precisa de uma comida nobre. Espero que esse alimento dê para o inverno. Estou aprendendo com o projeto a ter reserva e planejar”, afirma José Antonio.

                                         O Cooperado Vander Cláudio aumentou o estoque de silagem

Perto dali, na localidade de Pratinha de Santa Luzia, em Guaçuí, Vander Cláudio Cassiano, confessa que a nascente quase secou no verão, tinha dias que ela secava por completo, não abriu poço, mas buscou água na propriedade do vizinho. O susto, o fez mudar a maneira de reter a água na propriedade, vai plantar mudas entorno da nascente, caixas secas também estão sendo feitas com a orientação do projeto “Mais Leite”. A ideia é não deixar a água ir embora, e sim ficar na propriedade.
“Já fiz 50 toneladas de silagem, plantei milho e dobrei a reserva de comida do gado, em relação ao ano passado. Antes, só fazia reserva de capineira e vi que precisava mudar. O pasto está sendo adubado, além da silagem, tenho reserva também de pasto. Toda essa preocupação é para manter a produção, que também sofreu queda no verão. Por dia, normalmente a propriedade produz 160 litros, mas chegou a tirar 100 litros dia. Se antes eu não tinha problema com seca, agora precisamos nos preparar”, destacou Vander.

Saiba mais:
- Programa que está em ação desde 2011 já beneficiou mais de mil pequenos pecuaristas de toda a região sul do Espírito Santo, com o apoio das Cooperativas.
- Do investimento anual neste projeto, 80% são recursos do Sebrae e outros 20% provêm da cooperativa que reúne os produtores.
- Alguns produtores atendidos pelo programa chegam a produzir mais de cinco vezes a quantidade de litros de leite que produziam antes das consultorias.
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