Nesta propriedade o alimento do gado está verde, mesmo com a seca
Ver o gado saudável, o pasto separado
em piquetes e um bom rendimento no final do mês. A proposta é essa do projeto
“Mais Leite” que começou a ser implantado junto a cooperados da Colagua. A
parceria entre cooperativa, Sebrae e Coopetec vem dando certo, atendendo cerca
de 60 cooperados, a expectativa é de crescimento neste ano. O “Mais Leite” tem
se tornado referência em todo o Espírito Santo, porque vem mudando realidades,
os participantes conseguiram aumentar a produção de leite, muitas vezes, com um
número menor de animais, tudo seguindo a risca o acompanhamento dos consultores
técnicos. O crescimento de produção de leite dos cooperados participantes, já
chega a 10%.
“Esse é um desafio para evoluirmos.
Estamos falando de uma gestão democrática, tirando do papel e colocando mesmo
em prática. É a qualificação, o interesse de ver a comunidade crescendo e
arrastando todo o interesse de uma região. A Colagua precisa de um volume maior
de leite, mas o agricultor também precisa ficar no campo. O que se produz hoje
é capaz de manter o homem no campo? Queremos trabalhar para reverter esse
quadro. Esse trabalho é o esforço de vários parceiros e faz parte da
recuperação da Colagua”, destaca o Presidente da Colagua, Burthon Moreira que
sempre foi o incentivador desse projeto.
Presidente da Colagua destaca a importância do
“Mais Leite”
De acordo com Francisco Assis
Ribeiro, Diretor Técnico da Coopetec, o que garante o sucesso do “Mais Leite” é
acompanhamento no campo por técnicos, como também a prática pelo cooperado.
“Aos que tem seguido e realizado as orientações técnicas deixadas pelos
consultores do SEBRAE já começaram a sentir as vantagens de participar desse
projeto. As ações tomadas são diversas tais como: pesagem de leite, divisão de
lotes para fornecimento de concentrado, divisão das pastagens em piquetes com
finalidade de melhorar o manejo do rebanho e melhorar a qualidade do alimento,
acompanhamento reprodutivo do gado com finalidade de conhecer a situação atual
e propor melhorias para aumentar o número de animais em lactação nas
propriedades, implantar gerenciamento de custos e produção de leite, para
entender quanto custa produzir um litro de leite. Enfim, uma propriedade
assistida a partir do momento que se iniciam os trabalhos, mesmo que não ocorra
imediatamente o aumento de produção é inevitável não obter um ganho positivo,
em um desses itens relacionados acima”, conta Assis.
Outro destaque é a preocupação
com o manejo adequado na propriedade, um reflexo claro é a mudança da reserva
de alimentação do rebanho. Ações que já provam a funcionalidade do programa. A
informação tem sido um diferencial, associada a um acompanhamento sistêmico de
técnicos as propriedades, mas principalmente o agricultor precisa acreditar no
negócio e estar apto as mudanças solicitadas.
Para o coordenador estadual do
programa e analista do Sebrae, Thiago Martins Costa, com a entre safra chegando
as preocupações são muitas, principalmente na atual situação do país, mas a
inclusão no projeto deixa o agricultor mais seguro. Como todo negócio é
preciso sempre estar se atualizando. “Os produtores participantes têm condições
de tomarem as melhores decisões, e assim, diminuir o risco existente no
empreendimento. Quando analisamos a série histórica, por exemplo, dos últimos
15 anos, é nítido a sazonalidade que o leite passa. Há período que o leite tem
de ganhos financeiros, outros que os custos e o preço pago do leite, deixam
qualquer um desanimado. Na verdade, nos últimos anos, essa realidade é notada
com mais evidencia em quase todos os seguimentos da economia brasileira,
principalmente agora, com esses aumentos que estamos passando. Estamos passando
por um período de cautela, e para quem está no projeto, esse impacto tende a
ser menor. Como é um setor de altos e baixos, temos que estar preparados a todo
o momento, principalmente quando a oportunidade passar. Esse é o diferencial do
projeto junto a COLAGUA”, acrescenta o coordenador.
Atualmente, 60 cooperados estão
fazendo parte do “Mais Leite” na Colagua, a expectativa é que uma nova
negociação seja feita o a administração da cooperativa. Para aqueles que não
fazem parte, uma lista de interessados começou a ser feita, basta solicitar
interesse e aguardar. “O produtor precisa acreditar mais no negócio e em si
próprio. O produtor deve acreditar, ter fé, mas principalmente planejamento do
seu negócio. Sem isso, não tem Santo que faça milagres!
O projeto do SEBRAE em parceria com a
COLAGUA tem justamente essa preocupação: planejar a propriedade”, finalizou
Thiago.
Produtores estão aprendendo a ter
reserva
José Antonio Oliveira investiu no plantio de capim
O cooperado José Antonio Oliveira,
mora na localidade de Pratinha da Fumaça, em Ibitirama. Ele é considerado um
pequeno pecuarista, por dia, costuma tirar 60 litros de leite, mas no verão sem
água viu a produção despencar para 30 litros. A nascente da propriedade quase
secou, ficou sem força até para abastecer as residências da Associação Agrícola
Bela Vista, onde vive. O agricultor gastou cerca de R$ 2mil para abertura de um
poço artesiano. Para o inverno, ele já está fazendo algumas ações.
“Não terei condições de fazer a
silagem, por falta de recursos, com essa crise também estou temeroso em fazer
algum financiamento. Consegui plantar o milho e também o capim, outra ação que
tive que fazer, foi separar 50% do gado solteiro no pasto. Na propriedade,
estão apenas 13 adultos e seis bezerros. A Vaca é nobre, precisa de uma comida
nobre. Espero que esse alimento dê para o inverno. Estou aprendendo com o
projeto a ter reserva e planejar”, afirma José Antonio.
O Cooperado
Vander Cláudio aumentou o estoque de silagem
Perto dali, na localidade de Pratinha
de Santa Luzia, em Guaçuí, Vander Cláudio Cassiano, confessa que a nascente
quase secou no verão, tinha dias que ela secava por completo, não abriu poço,
mas buscou água na propriedade do vizinho. O susto, o fez mudar a maneira de
reter a água na propriedade, vai plantar mudas entorno da nascente, caixas
secas também estão sendo feitas com a orientação do projeto “Mais Leite”. A
ideia é não deixar a água ir embora, e sim ficar na propriedade.
“Já fiz 50 toneladas de silagem,
plantei milho e dobrei a reserva de comida do gado, em relação ao ano passado.
Antes, só fazia reserva de capineira e vi que precisava mudar. O pasto está
sendo adubado, além da silagem, tenho reserva também de pasto. Toda essa
preocupação é para manter a produção, que também sofreu queda no verão. Por
dia, normalmente a propriedade produz 160 litros, mas chegou a tirar 100 litros
dia. Se antes eu não tinha problema com seca, agora precisamos nos preparar”,
destacou Vander.
Saiba mais:
- Programa que está em ação desde
2011 já beneficiou mais de mil pequenos pecuaristas de toda a região sul do
Espírito Santo, com o apoio das Cooperativas.
- Do investimento anual neste
projeto, 80% são recursos do Sebrae e outros 20% provêm da cooperativa que
reúne os produtores.
- Alguns produtores atendidos pelo
programa chegam a produzir mais de cinco vezes a quantidade de litros de leite
que produziam antes das consultorias.
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